Revestimento

Uma visão clara: todos os binóculos que oferecem isto têm uma característica quase invisível. Preste atenção a isso.

O que pode por vezes parecer bastante interessante nas fotografias é algo que se pretende evitar a todo o custo quando se observa através de um par de binóculos: os reflexos. Surgem em qualquer superfície ótica e incomodam o observador quando se tornam demasiado evidentes. Idealmente, toda a luz que atinge uma lente também deveria passar completamente através dela. Mas isso seria bom demais para ser verdade.

No entanto, os investigadores estão cada vez mais próximos deste ideal. Em todas as superfícies óticas, 4% da luz é novamente refletida. Quanto mais oblíqua for a incidência da luz, mais alto podem os reflexos subir. Na soma total de todas as lentes e prismas, metade da luz recebida pode perder-se. Em binóculos de qualidade razoável, 90% da luz recebida chega também aos olhos do observador.

Hoje em dia, todos os fabricantes utilizam os chamados multirrevestimentos (ou revestimentos multicamadas). Tratam-se de revestimentos ultrafinos concebidos para reduzir os reflexos. Contudo, cada fabricante de óticas tem a sua própria “receita” secreta.

O importante na redução dos reflexos é o índice de refração e a espessura do revestimento, que, por sua vez, dependem do índice de refração das lentes. O clássico fluoreto de magnésio ou o óxido de silício são frequentemente utilizados como materiais de revestimento, mas também existem outras variantes químicas. Por norma, um revestimento é aplicado sob vácuo intenso. Para este fim, os binóculos são colocados em recipientes estanques. É criada uma baixa pressão. De seguida, as moléculas reagem entre si e também com as paredes do recipiente.

A aplicação de um revestimento redutor de reflexos sobre um substrato é um processo altamente complicado. Os mais pequenos desvios na produção podem provocar características completamente diferentes do revestimento.

A redução de reflexos indesejados é conseguida através de uma interferência. Analisemos dois raios de luz que atingem uma lente com revestimento. O primeiro feixe de luz é refletido na superfície “ar/revestimento” e o segundo feixe na superfície limite “vidro/revestimento”. Nesse momento, ambos os feixes de luz devem anular-se mutuamente de forma ideal. Para isso, devemos imaginar um feixe de luz como se fosse uma onda, com cristas e cavas alternadas. Para a redução, os dois feixes de luz devem encontrar-se de maneira que uma crista de onda de um feixe de luz esteja de frente para a cava de onda do outro feixe de luz.

Uma camada de revestimento sobre uma lente pode reduzir os reflexos indesejados. Idealmente, a crista e a cava de duas ondas de luz estão exatamente opostas, de modo a permitir que os reflexos se anulem mutuamente. Assim, estes dois feixes de luz anular-se-iam um ao outro. Mas para isso, é necessário alcançar primeiro um deslocamento das fases. Esta tarefa é assumida pelo revestimento, pois este deslocamento afeta o feixe de luz. A espessura do revestimento tem de ser ¼ do comprimento de onda da luz a reduzir. É igualmente importante que, ao encontrarem-se, as cavas e as cristas tenham a mesma amplitude (ou seja, a mesma altura das cristas e cavas).