Oculares
O clássico ou uma visão sem limites: o porquê de o tipo de design ser importante e uma elevada ampliação nem sempre ser a melhor solução.
Que oculares devem ser utilizadas para cada finalidade?
Existe uma enorme quantidade de oculares de vários designs no mercado da astronomia amadora. Ouvem-se termos como “campo de visão aparente”, “distância focal”, “pupila de saída” e por isso é difícil saber qual a ocular mais acertada. Para solucionar este problema, compilámos os designs com as respetivas vantagens e desvantagens.
As oculares são como lupas para ampliar a imagem intermédia produzida pelo telescópio. Uma lupa ocular deste tipo poderia ser essencialmente constituída apenas por uma lente. Mas uma vez que se pretende alcançar diferentes dimensões de campo de visão, uma ocular deve consistir numa combinação de lentes a uma determinada distância. E, naturalmente, pretende-se obter uma distância interpupilar confortável, bem como a correção de imperfeições de imagem. Por fim, é necessária uma moldura para o suporte das lentes. Esta é também designada por “manga da ocular”.
Huygens — O clássico de épocas passadas
Estas oculares consistem em duas lentes que oferecem um campo visual aparente relativamente pequeno. As lentes não são coladas, sendo portanto bastante adequadas para a projeção solar através de um telescópio. Estas oculares estão entre as construções mais antigas e raramente são encontradas em acessórios de telescópios. O campo de visão aparente é de cerca de 40°.
Erfle — A mãe de todas as oculares grandes-angulares
Procurará em vão pelo nome “oculares Erfle” no catálogo de acessórios, pois este tipo de design já não se encontra diretamente disponível. No entanto, muitas oculares grandes-angulares incorporam as características básicas deste design. As oculares modernas são, portanto, um avanço técnico e baseiam-se no design Erfle. Estas são oculares de cinco lentes com campos de visão aparentes de até 68°.
Oculares Long Eye e Long View
Estas oculares são particularmente populares desde há vários anos. Se olharmos para as malas de oculares dos astrónomos amadores, encontramos um modelo deste tipo em quase todas elas. Estas oculares não podem ser realmente atribuídas a um verdadeiro tipo de design, sendo antes uma característica dominante que distingue estas oculares: mesmo com distâncias focais reduzidas, oferecem sempre uma grande distância interpupilar de cerca de 16–20 mm e, portanto, um bom ângulo de visão. Vantagem: perfeitas para quem utiliza óculos, mas também para as pessoas que não os utilizam.
Nagler — A classe alta da observação
As oculares Nagler são um desenvolvimento do fabricante TeleVue. As oculares consistem em diferentes pares de lentes, coladas entre si. Normalmente possuem sete lentes, mas também existem variações com menos lentes. Com estas oculares é possível obter uma imagem gigantesca do céu. Quase se podia pensar que se estava a “mergulhar” no céu. Isto deve-se, em grande parte, aos colossais campos de visão aparentes de 80°.
Além disso, com estas oculares as imperfeições de imagem, tais como a coma e a distorção, são também reduzidas. Em termos práticos, isto significa que se podem observar estrelas nítidas até à margem, mesmo nos telescópios de elevada intensidade luminosa.
Como identificar mais detalhes com pequenas ampliações
Possui um telescópio com um focador de 2”? Ou talvez ainda esteja a planear adquirir um telescópio? Considere também um focador de 2”, pois este poderia desvendar-lhe uma visão totalmente nova do céu estrelado.
Até agora, falámos apenas de oculares de 1,25”, ou seja, das oculares adequadas para qualquer telescópio. No entanto, nos telescópios um pouco maiores, a partir de 150 mm de abertura, encontrará também focadores de 2”. Mas quais são as vantagens das oculares de 2”?
Uma visão sem limites?
Em primeiro lugar, estas oculares são significativamente maiores e também um pouco mais pesadas do que as suas irmãs mais novas de 1,25”. Contudo, o fator decisivo é o diafragma de campo muito maior, que não limita os feixes como nas pequenas oculares, permitindo campos de visão significativamente maiores. Portanto, poderá até mesmo encontrar oculares que oferecem um campo de visão superior a 100°. Quando se observa através de uma ocular deste tipo, não se veem limites. Parece que o céu negro estrelado não tem fim. Apenas quando move o seu olho é que alcança eventualmente a margem do campo de visão. Uma outra vantagem destas oculares é o ângulo de visão bastante confortável. A enorme lente ocular oferece-lhe, portanto, uma observação particularmente descontraída.
Para que objetos são adequadas as oculares de 2”?
Geralmente, as grandes distâncias focais são interessantes para estas oculares, ou seja, na gama de 20–40 mm, por exemplo. Isto permite-lhe alcançar pequenas ampliações e grandes campos de visão no telescópio. Desta forma, as oculares tornam-se particularmente interessantes para a observação do céu profundo.
Assim, se estiver a observar galáxias pouco luminosas ou objetos nebulosos extensos, as oculares de 2” são uma verdadeira satisfação. Mas existe ainda um outro benefício: a procura.
Oculares recomendadas
Como encontrar objetos com a ocular grande-angular
Imagine que pretende encontrar uma galáxia com o seu telescópio. Mas apesar do seu buscador, ainda não tem a certeza se está realmente “dentro” do objeto, pois ainda não se consegue ver a galáxia pouco luminosa a olho nu. Felizmente, agora tem a sua ocular grande-angular de 2”, que abrange talvez dois graus (isto é, quatro diâmetros de lua cheia) do céu. Graças ao grande campo, descobrirá a galáxia diretamente na ocular, podendo agora ajustar o objeto ao centro.
Grandes campos de visão — ou por que motivo podem por vezes induzir em erro
O campo de visão que pode ser alcançado com uma ocular é um fator decisivo. Se olhar para as oculares atualmente disponíveis, encontrará especificações que vão desde 45° até 110°.
Isto refere-se ao campo visual aparente da respetiva ocular, ou seja, o ângulo que pode ser detetado através da ocular. Mas estes vastos campos podem ser enganadores. Isto acontece porque o campo visual aparente está longe de ser o campo que realmente se vê no céu.
Um critério extremamente decisivo é o telescópio. Dependendo da ampliação, obtêm-se vários campos reais que divergem das especificações. Se consultar o campo visual aparente do ocular, poderá calcular o campo real no céu com relativa facilidade.
Nós ajudamo-lo a encontrar o verdadeiro campo de visão
A ampliação da ocular no telescópio:
V = distância focal do telescópio / distância focal da ocular
- Exemplo: consideremos a utilização de um telescópio com uma distância focal de 1000 mm e uma ocular de 10 mm.
- 1000 mm / 10 mm = ampliação de 100 vezes
Cálculo do verdadeiro campo de visão:
Campo de visão real = campo de visão aparente / ampliação
- Como exemplo, consideremos uma ocular Super Plössl com um campo visual aparente de 52°:
- WG = 52° / 100 vezes = 0,52° = 30’
Portanto, campo no céu teria agora uma dimensão de 0,5° ou 30 minutos de arco.
Como comparação: a Lua tem um diâmetro de disco de 30 minutos de arco no céu. Aqui encontrará uma tabela com os diversos campos de visão:
Como se calcula o campo de visão aparente de uma ocular, se não estiverem disponíveis as especificações?
Medir o diâmetro do diafragma do campo de visão na parte inferior da ocular. Para isso, desaparafuse primeiramente o conector; de seguida, poderá facilmente determinar a passagem livre do diafragma. O segundo valor de que necessita é a distância focal indicada na ocular. Com a seguinte função tangente inversa, poderá então calcular o campo de visão:
Campo de visão aparente = metade do diafragma de campo de visão / distância focal da ocular tan-1
Apenas é indicada a metade do diafragma de campo de visão e não a totalidade do mesmo.
Multiplicar, de seguida, o resultado por 2.
Exemplo
Com uma ocular Plössl de 12,5 mm de distância focal, o diafragma de campo de visão é de 12 mm. Estes dois valores são introduzidos na fórmula, dividindo, no entanto, o diâmetro do diafragma por 2, de modo a obter 6 mm.
- 6 mm / 12,5 mm tan-1 = 25,6 x 2 = 51°